Poema concorrente da BPP7 - nº 56
Opus 1.
A pior coisa a priore, que pode acontecer
Com um poeta, é a posteriore,
Ele escrever um poema que não
O melhore; ser normal é fácil,
Agrada, agradecem; é abraçar um
Elemento natural e sobreviver
No meio como produto adaptado;
O inconcebível é conceber,
Entre a pele e o osso, o extrato
Sobrenatural, visitar no limbo,
A moradia dos fantasmas, com
Os pés costurados no chão e a cruz
Pregada nas costas, vergar vergalhões,
Domar turbilhões e clamar por Deus,
Para afastar assombrações; cometemos
E cometem aberrações, bizarrices,
Anomalias, blasfêmias, estupros,
Em nome de todos os santos,
Inclusive beatificações e canonizações,
Sem esquecer os milagres;
Eu transformo tudo em dor, sou
Um Midas; faço quem anda, deixar
De andar; quem está são, adoecer
E quem está vivo, morrer: o que
Também não deixa de ser milagres;
E nem por isso quero seguidores,
Nem quero ter fieis, templos ou orações
Endereçadas a mim; e nem por isso
Quero imagens minhas para serem
Adoradas e nem semonias pagãs
Em meu nome; não me consagrem
Nada, ouviram, ou vocês são deuses
Surdos? estátuas peregrinas humanas,
Ou Davis nus em praças italianas.
Stuv Xyz
Poema concorrente da BPP7 - nº 57
Opus 2.
Escollham com sabedoria o destino
Dos seus restos mortais, imortais
Sonâmbulos, que vagueiam na
Noite do dia, acordados mas
Que parecem passarinhos a dormir,
Em plena atividade do pesadelo
Cotidiano; não sonhem pois não
Têm o direito a sonhar; rilhem
Os dentes; as hienas riem e comem
Carniças; ingerimos porcarias a
Toda hora, que nos incham
A barriga, nos enchem de gases
Fétidos e aparentamos caras
De satisfeitos por cima da máscara;
A nossa carapuça está é por
Baixo; precisamos de alguém
Com coragem, que tire nossa
Pele, e exponha a nossa realidade
Em vida, a nossa carne viva,
Com o coração ainda pulsando,
Como é feito com os animais,
Que têm a pele retirada com o
Bicho ainda vivo, quando não
Querem que o couro seja estragado
E o casaco que será feito. terá
Uma aparência sempre renovada;
Escolham suas loucuras, cada
Um esconde uma num recôndito,
Não muito distante; cada um
Tem uma doença que pensa que
Não tem cura, mas querem um
Corpo sempre plástificado, para que
Os vermes famintos, roedores
De ossos, façam um banquete,
Um festim em homenagem,
Aos nossos restos mortais.
Stuv Xyz
uau! muito legal
ResponderExcluir