Poema N°81
Qualquer célula viva com menos de dois vizinhos vivos morre de solidão.
via Qorpo Santo
Mais um papel me exigiu cantar até estourar. Fui cigarra humana e
ainda fumo no escuro desconhecido. Minhas nobres e estudadas cascas
guardadas em museus que eu mesmo contrui, lugares que elegi. Pequenas
mortes dei para os que me amavam.
Lá fora o cata-vento está bombando em minha direção, a brisa me traz
novidades e renova emoções, leva pedaços de mim que, pode ser, um dia,
reconheço e devolva a eu. "-tudo é tão incerto".
Que nessa correnteza de certezas ninguém procure por cá um eu duro,
estável ou enterrado na vida, solidificado por conta da mesmisse que
assola a ignorância. E que venham a mim os que agradam instabilidade e
suportem mudanças inesperadas; trocas de pele um com outro e
prosoutros meus eus. As vezes seu próprio eu estará caído no chão ao
redor do que é nosso, apanhe você mesmo, faça mais um self!
Yan Urbano
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Poema N°82
Um self poema
Tenho em mim 2 leões e
Um sentimento de juba.
A lua em gêmeos
Indica uma bipolaridade discreta.
Joanetes gigantes
apontam sextos dedos potencias.
Os glóbulos vermelhos
São minúsculos parêntesis.
A genética indica a prolixidade,
Essa incrível arte de valsar no mesmo lugar.
Os olhos apontam uma ancestralidade nipônica
Ao passo que o nariz arreganha a grande mãe áfrica
Os seios são fartos, feito balões de gás hélio.
A boca é pequena pra caber tanta palavra.
O sonambulismo é um velho e bom hábito que aquece a vida noturna.
As bombas de ar funcionam bem até que eu me prenda num elevador.
Tenho na bunda algumas formigas
e borboletas na barriga que se manifestam em dias chuvosos.
Conto tartarugas ao invés dos histéricos carneirinhos.
Sempre sonhei em passear no Dumbo.
Tinha uma ramster que se chamava Carlota Joaquina.
E um cachorro chamado Doug, sim, não é Costelinha.
Tenho em mim um apêndice e dois sisos.
Os outros dois foram arrancados ontem
E por isso, tudo que como é temperado a molho pardo.
Um self seria ridículo visto que pareço o Quico, só que só de um lado.
Falsa Baiana.
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Poema N°83
POEMA DE OUTONO
Choram, choram, choram
As folhas em queda livre
Os banhistas saudosos de verão e
Os taurinos em ataques de ciúme
Choram, choram, choram
As notas frenéticas de Vivaldi
As árvores peladas de frio
E os claustrofóbicos em dias de chuva
Ri desavergonhadamente
Uma menina magrela
Enquanto segura uma folha,
Em branco.
Falsa Baiana.
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Poema N°84
Composição madrugale
Meu coração bate em fá
Minha cabeça de dar dó
Não tem pausa
Tá em tempo de sincopar
Anacruse!
Falsa Baiana.
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Poema N°85
Sonambulismo
Hoje sonhou que tinha sido baleada.
Uma bala profunda, nas costelas.
Ficções noturnas estão barulhentas
E aumentam a baba no travesseiro.
Não sangrou.
O velho livro diz que a mulher
veio da costela de adão.
Criatura para ser ela.
Por um golpe profundo?
Não gozou.
Ficções urbanas estão em choque.
Corpos trepam com colunas de aço,
Com grandes soldados de mármore.
Com janelas fumê e mentes desativadas.
O amor enferrujou.
“As guerras são tão tristes e
não tem nada demais”.
A cada noite uma ficção
A realidade está em greve
A coberta pelo chão
E, no entanto,
Revira-se.
Falsa Baiana.
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Poema N°86
Máquina de ritmo
Não há vagas para carros,
engraxates e pipoqueiros.
Extinguiram-se os bicicletários,
estacionamentos e até puleiros.
Derrubaram as placas de pare
e as mesas dos tabuleiros.
O banco da praça continua em obras.
O guarda de trânsito transita
feito barata inseti-sedada.
As estátuas vivas disputam
exaustivamente a melhor rebolada.
Os vovôs da praça sete picam
a contragosto o esconde-esconde.
Confiscaram-lhes o xadrez e a dama
O baralho do buraco e do rouba-monte.
Só o poste tem a sorte
de permanecer parado.
Este, por fortuna, foi plantado
no decreto do ano passado.
Falsa Baiana.
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Poema N°87
Reflexo
Me olhei no espelho
e não me encontrei
Conde Drácula
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Poema N°88
Serto des-conhecido
Eu sou um louco lúcido
que em meio à solidão repentina de meu próprio ser
vago
pelas imagens carimbadas nas paredes
do labirinto do meu caminho cerebral.
Onde nada é estático
e a balança do ser nunca se equilibra.
Lu-Nkosi
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Poema N°89
Homem de Gênio
Deleitável melancolia,
Talvez apenas tenha uma tristeza interior
Visível a olho nú essa dor
Sentida e vivida por olhos cegos
São as vozes do meu ego
Nessas nuances de solidão
E na falta de contentamento meu coração
Impregnado em vã repetição
Tortura-se, me pergunto em como fui contaminado
Quando fui amarrado...
Intrusa e maldosa
Essa névoa benevolente e gostosa
Me impede de prosseguir
Não me deixa ser feliz
À beira do abismo
O quarto não é o limite
Esse personagem que me imite
Nessa amarga presença
E na doce ausência
É uma dor de existir
Que rouba até o meu sorrir
É o desequilíbrio da bile negra?
Chorar e gritar minha alma deseja
Numa incapacidade de amar
Eles não compreendem esse meu andar
Lento ao relento
Em vão inquieto em meio ao rebento
Com essas sombras sem fim
Mesmo o sol negro sobre mim
Tédio e apatia
Doce, melancolia,
Quem sou eu?
Algo me roubou, sem nunca ter sido meu
É a vida que se perdeu
Esse menino que não cresceu
Sorriso disfarçado de descontentamento
No vazio do espaço desse momento
Debatendo-me em delírios
Reais e mesquinhos
Exausto, eu caminho
Nesse ciclo vicioso, os olhos amargurados
Encontram um alívio animado
E agora, quero correr e gritar
Pular e dançar
Porém, eu sei que a morte voltará
De surpresa ela me destruirá
Me subjugará à desilusão
Pois eu já não sou nada, eu sou mera repetição
Nessa melancolia e louca mania
Nas palavras daquele que cria
A sombra que sente, inocente, ferida
Morrendo pelo oxigênio
Sou o Homem de Gênio.
Erick Guerra
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Poema N°90
Olhei pela Janela
Olhei pela janela...
A chuva caída
Fazia tudo ficar mais belo
O dia, antes, negro ficou amarelo
O vento forte, inquieto e prudente
Leva minhas incertezas
Quebra minha verdade vertente
Os pássaros cantam, voam
Em sua liberdade infinita
Penso que posso ser livre, de forma distinta
Olhei pela janela
E sorri
Seria melhor agir com cautela
Manter acesa a vela
O céu do sul, azul
Decorrido tempo perdido
Quero estar certo
Fazer desta vida um verso
Olhar pela janela com um gesto
E por fim, da janela olhar
Um segundo para tudo mudar
A esperança, antes, perdida... Encontrada magricela
Do outro lado da janela.
Erick Guerra
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Poema N°91
O Cão e suas Penas
Tenho pena do cão
Ali deitado no chão
Aquele da rua
Que chora pra lua
Seus olhos negros, cheios de melancolia,
Arriscam um feixe de alegria
Contudo, incertos,
Suas penas formam versos
A margem da sociedade, à beira do caminho
Ele está ali sozinho
Sua história em épicos romances
Nos mostra as verdadeiras nuances
Deste ser preso e contido
Que há tempo está perdido
Se perdeu de casa
Criou asa
Tenho pena do cão
Deixado de lado, ignorado, toca meu coração
Trancada dentro de si há a salvação
Ou a inexplicável destruição.
Erick Guerra
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Poema N°92
Cata-vento
O cata-vento que come o tempo
O tempo que fere a pele
Pele nua e crua
Crua como a luz da lua
Lua que se desprende
Ao sol se dá sempre dependente
Dependo do sol
Do girassol no meu quintal
Das vozes e do temporal
Que leva as memórias
E, depois, trazem novas histórias
Histórias que se consomem no tempo
No vento que me fere
Na ferida da pele nua
Como a lua
Dependo da voz que é tua.
Erick Guerra
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Poema N°93
Amor e Dor
Aquarela do dia
Momentos quiméricos
Ouvir sussurros no ar
Ridículos sorrisos
Esvaece o encanto
Devaneio romântico
Outrora imaginação
Rosas de lamentação.
Erick Guerra
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Poema N°94
O Fazer Poético
De todas as doenças essa é a pior
Porque vem de dentro....
E não tem cura
O sintoma, perverso, é a própria tentativa de regeneração
E esse ócio nos olhos inabitados?
E a vida que se passa no atraso?
O céu negro anuncia a verdade
Brota como um estupor, como uma lagrima que vem de dentro,
Como a chuva que me inspira
E me faz respirar a brisa
Tardia!
O tempo que se instala entre o antes e o depois
Entre esse sentimento inquieto aqui dentro, que me faz por essas palavras no papel
Que me faz sentir, sofrer, me angustiar, não ter lugar pra onde ir...
Para onde posso fugir?
Porque a verdade
O medo e a fugacidade, está na vida está dentro de mim... Então não há lugar que me
contenha
Que me detenha
Que impeça esses sentimentos de arruinarem com tudo
Algo tem que ser dito...
Algo tem que ser deixado...
Essas palavras incertas que compõe o verso
Só dizem uma fração ínfima do que sinto, mas é através delas que existo
São as palavras, incertas e absurdas, no papel, inquietas à vista que me compõe.
Erick Guerra
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Poema N°95
Dança no espelho
A arte no espelho
Pintada com meu sangue vermelho
No inconformismo negro,
Inverso no lago
Do verso vago
Nas águas turbulentas do meu querer,
No meu viver, quieto, complexo, morno...
aparecem os sons do corvo
Me chamando, me tragando para o fundo...
Para o lado impuro
Cada vez mais profundo
No singular ápice do meu mundo
Esse espelho sonhador
Mascarado pelo amor
Revela as inconstâncias de uma alma estranha
Talvez, até mesmo se eu estivesse na Alemanha
A dança seria a mesma, apaixonada e envolvente
Com um toque mortífero
Com uma leve tendência ao efêmero
A dança que me leva a melancolia e a agonia
Nas vozes desse corvo, e nas imagens irreais do espelho
Na minha mente torturando em meu segredo
Indo pela água, eu não sei...
Só sei que estou sonhando e dançando.
Erick Guerra
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Poema N°96
mega picles
Na noite
na net
self.
Serve-me?
Sirvo-me.
De banda
banda larga.
Wi-fire
?! uai ?!
Why not?
in
off
((em off))
Na noite,
net...
se curte, flex.
se mete, flix.
se sente só.
Fatia a face
Põe na banca
Pamonha fresquinha
Jabuticaba de Sabará...
quémaisquetádegratis
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Poema N°97
- 9090 antes que o mundo acabe -
Que saudades meu bem
de quando nós dois ainda juntinhos.
Das noites agarradinhos
quando o Canção ainda era um bom vinho.
Que saudades meu dengo
da nossa sexta, jantarzinho.
Lhe dar farofa na boca,
fazer charme comendo franguinho.
Saudades de mais tarde
quando já altinhos,
fazer o amor
ao som de Mc Marcinho.
Aos poucos carinho secou
O vinho é merlot,
No prato escargot,
Música “só se for retrô”...
Transado, o amor se estrepou.
Lá vai ele...
Ei! Psiu! Também vou.
tikerê
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Poema N°98
FRENTE E VERSO
NÃO
SOU
POETA
SOU
POEMA
Poethusku
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Poema N°99
Conclusão enfática
Se faço selfie de você
Selfie deixa de ser
Selfie só faço de mim
De você é uma foto chinfrim
Ai do meu selfie se não fosse eu!
Bilbo o Que
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Poema N°100
As pessoas
Eu eu eu eu eu
Tu tu tu tu tu
Ele ele ele ele ele
Nós nós nós nós nós
Vós vós vós vós vós
Eles eles eles eles eles
Pequenos demais pro mundo
Grande demais prum selfie
Bilbo o Que
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Poema N°101
Selfie, pra que te quero?
Quando surge o momento perfeito
O braço ergue-se em esforço
Pra que tudo caiba na tela
A lente focando o rosto
A concentração absoluta
O cenho franzido
Todo o cuidado é pouco
Pra que tudo não saia tremido
Quando desliza o dedo
Sobre o botão do click
As bocas abrem sorrisos
Como se ouvissem um chiste
Ó momento glorioso
Congelado na eternidade
O povo todo garboso
Um belo dum disparate
Pois nada de belas paisagens
Nada de cachoeiras
Nem monumentos raros
Ou mísera prateleira
Rosto cá
e acolá
E nem na memória
O momento irá ficar
Bilbo o Que
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Poema N°102
Ácido SELFúrico
Que a corrosão ácida de minh'alma delete
o paradigma contemporâneo digital
e a telúrica visão do whatsApp revele
influenciada por um vírus fatal
fazendo backup do arquivo youtube
do webnário em link no bootstrap
um megadrive num sms apoplético
cancele o upload mais fantástico
Desvendo um threshold no desktop
relembrando o esquecimento do orkut
na minha landing page em slidecast
sou um pc macintosh compactado
tenho uma memória ram, teragigabyte
no frenesi do touchscrem acompanhado
o distanciamento de todos no google earth
A Image da ossatura de minha arcada
demonstra o comportamento cibernético
infringindo regras do gmail.com
do Chrome ao Skype frenético
lança-se num download by firefox
registrar em selfie stick no twitter
capturando um login automático
Neste paradoxo de mailing list NET
o roteador gateway pop search
onde spam e smilies de algum servidor
mostre keywords numa lanhouse
o software e seu endereço IP options
invadindo sumariamente o computador
para provocar mega@emotions
no eletrizante BPP 9 newsgroups
E...na esbórnia sonífera de um e-book
aproveitando como um Android perplexo
faço um passo-a-passo nas nuvens
vou tomar um barbitúrico online
para ver no ultra tablet plus top
trafegando mundanamente na tela
indo me prostituir anônimo na web
na catalepsia apocalíptica do facebook
Netels Carlsongam
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Poema N°103
Espelho
- Espelho, espelho meu, existe algum poeta mais poético do que eu?
- Não
Truth
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Poema N°104
Arfar
parece dor, mas bem sei é maior que isto.
É como se você estivesse comigo
e eu olhasse para o lado e não houvesse nada.
parece felicidade e é menor que isto.
É um grão de giz,
desenhando uma flor no asfalto molhado.
Parece amizade, e eu a olho...
Convencendo-me do absurdo de sua partida.
Meu coração olha e venera seu corpo,
desesperadamente você partiu.
Al Arafat
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“sou rainha”
EU QUERO
EU POSSO
EU CONSIGO
Xuxa meneguel
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“katia flavia”
Toda nua
Na rua
O meu cu é minha urna
Fidelix
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Poema N°107
“Gabriela”
Eu nao queria matar
Eu so queria lamber
E chupar ate a ultima gota da sua fertilidade
Queria poder me gozar do seu gozo
Viver intensamente dessa morte viril
Eu nasci assim, serei sempre assim
Gabriela
george amado
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Poema N°108
“perdido encontrei”
Hoje
Nasci ontem
Voltei ao que me fui
Vou ao que serei.
buda
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Poema N°109
“o escolhido”
O dedo de deus
Me deu adeus
hitler
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